domingo, 1 de fevereiro de 2009

UMA VISÃO DO POEMA

Poema de gilberto wallace battilana

Contemplo o poema, enfeitiçado momento desvendado
que permanece obscuro mesmo depois de revelado.
Contemplo suas palavras, seus versos, à minha frente,
que nascem de mim sem que conheça a vertente.
Paciente de um profundo processo inconsciente,
acompanho a minha mão no seu anotar intermitente,
artesã que não descansa antes de pensá-lo acabado.
Então, já não é meu, como se nunca o tivesse tocado.
Assim, a navgar na sombra desta corrente,
não por curiosidade ou dúvida impermanente,
mas com a certeza iminente de que o verso abandonado
será esquecido como coisa sem valor, inconsequente,
persisto na armação deste quebra-cabeças intrincado
que a morte assiste,imperturbável, a meu lado.

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