quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

CONCURSOS

poema de Gilberto Wallace Battilana

Convidados a exibir-nos em concursos,
como nos circos são mostrados os ursos
amestrados, fazemos das palavras piruetas,
tais palhaços a mostrar caricatas caretas.
Vejamo meu ornamental salto métrico,
minhas reticências, o meu hemistíquio estético.
E aqui, a minha acrobacia rítmica,
o globo da morte metafórico, minha força anímica.
A platéia aplaude. Acendem-se as luzes pretas,
aparece no palco o prestidigitador e faz uma mesura
mágica, criando um encadeamento de borboletas
que voejam pelas jubas dos leões na jaula hermética,
onde o domador se isola como numa cesura
no soneto, espetáculo malabarístico da poetica.

Um comentário:

Geni Oliveira disse...

Adorei a comparação! Realmente, há certas coisas que extrapolam os critérios de um concurso. Como medir a sensibilidade?