segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

SONETO BAUDELAIREANO

Gilberto Wallace Battilana

Busco o signo, o símbolo, o sinal do destino
que identifique a quem me lê o que assino
no texto, no trecho, no traço mais fino
noturno corte do punhal de um assassino

que escrevesse um taciturno tratado de anatomia
numa linguagem rítmica, obscura e fria
entre cintilantes círios e angustiante agonia
frente aos ameaçadores dentes da serpente da poesia

zombaria com que me cubro nas madrugadas inclementes
em que azíagas as horas se arrastam lentamente
e me esqueço da vida nesta paixão fremente

tal tivesse entre as mãos o corpo de uma mulher
não um papel onde anoto imagens e idéias quaisquer
E tu, leitor, meu semelhante, tem piedade deste miserere, meu mister

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