segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

UM ATO FINAL

Poema de Gilberto Wallace Battilana

Ela exigia tanto de todos
como se pensasse que o mundo existisse só para ela
surpreendentemente solicitando tão pouco de si mesma.
Acreditava que se gritasse com suficiente energia
nada lhe seria negado. Alguém, o que pedisse, lhe traria.
Sentindo-se o centro do seu mundo
acordava, reclamando o café da manhã, aos gritos
e a mãe, nem tão velha, azafamava-se em servi-la
trazendo-lhe o café, o pão, o leite, o bacon e os ovos fritos.
Atravessava a sua vida de olhos abertos, fitando um sul de sonho
incapaz de ser sensata e calma, nem confiar em si mesma
e nos outros, na sua audácia de arriscar o máximo
desejava que a cada fracasso o mundo tombasse com ela.
Adivinhava que a cada novo dia já não era quem fora
que o tempo a traía. O amor, para ela, era uma idéia fria
seu sonho, o sucesso, não importando qual
o que ela queria era ser a tal.
Seu rosto enrijecido e belo, digno de uma escultura
em mármore vítreo, real máscara de uma alma escura
sorria a cada possível amante em que ela visse o brilhante
futuro que queria. Namorados, quantos, perdidos
e achados no seu amoroso jogo de dados pulsantes
sentimentos à sorte lançados, até de alguém ouvir:
Perdeste.
Tardia descoberta da inabilidade de suportar sua existência.
As expectativas enjauladas, feras ainda despertas
mas feridas entre as ruínas da sua vida
optou pelo ato final: o da suicida.

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